Reflexões de Mesa de Bar

A alcunha "Diegopédia" foi me dada pelo meu colega João Paulo Coêlho à época da faculdade por minha mania de emitir opinião sobre quase tudo que havia na face da terra. Este humilde Blog foi fundado em 2008 com propósitos lúdicos de opinião e hoje, ocupa em minha vida um espaço de compartilhamento de críticas e ideias em minha empreitada contra o pensamento e contra às ações elitistas tão comuns na nossa sociedade tupiniquim. E expressão "Esquerda Feijoada" criei por necessidade de diferenciar a proposta de esquerda que defendo em minha vida. Esta proposta é de uma esquerda com os trabalhadores, dos trabalhadores e para os trabalhadores. Aqui, refiro-me, em especial, aos trabalhadores do país inteiro que saem todos os dias dos mercados públicos, comem sua feijoada (autêntica comida brasileira criada pelos escravos) e saem para seus postos de trabalho lutar por mais um dia. Não milito por esquerdas de elite que vivem de discurso. Milito pela esquerda do povão, do trabalhador que não esquece que é trabalhador e que luta por uma sociedade mais justa com distribuição da riqueza. Eu milito pela "Esquerda Feijoada" e que pese na barriga das elites a digestão destas lutas!

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Greve na Universidade Estadual do Ceará (UECE): a repetição de algo absolutamente "inédito" - a naturalização do absurdo em 10 motivos

A Universidade Estadual do Ceará (UECE), fundada em 1975, hoje é uma das instituições formadoras de profissionais, ao lado das também universidades estaduais Universidade Vale do Acaraú (UVA) e Universidade Regional do Cariri (URCA), mais importantes do estado do Ceará. Além de formar profissionais, a UECE e suas parceiras é pioneira na pesquisa e na extensão universitária. Esta universidade teve, assim como as demais universidades deste estado da federação brasileira,  na luta pela redemocratização do país e pela sua função social maior: a formação de conhecimento de qualidade para o estado do Ceará e para a região Nordeste. Esta instituição conta com aproximadamente 20 mil estudantes e 800 professores espalhados por 12 centros e faculdades, que oferecem 77 cursos de graduação presenciais e a distância, 27 mestrados, nove doutorados, 154 grupos de pesquisa atuantes em 138 laboratórios e 57 projetos de extensão (Dados de A UECE em números, 2013, disposnível em: <http://www.uece.br/uece/dmdocuments/UECE_numeros_2013_A.pdf>). 

Pelos dados acima apresentados, eu não tenho dúvidas que a UECE é uma das instituições universitárias mais importantes deste estado. No entanto, apesar de não ter sido aluno desta referida universidade, eu tenho assistido e me solidarizado com o sofrimento dos estudantes, docentes e funcionários técnico- administrativos daquela universidade. Ao ser declarada a segunda greve em menos de dois anos, eu tenho certeza absoluta de que chegamos a um nível de estrangulamento absurdo na educação do estado do Ceará. Explico o porque desta afirmação tão contundente:

01. A UECE é uma das instituições que sustentou a formação de profissionais para atuação no interior do estado do Ceará muito antes da expansão da Universidade Federal do Ceará e da criação de outras universidades federais no interior do Ceará (tais como a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira-UNILAB criada em 2010 e a Universidade Federal do Cariri - UFCA ciada em 2013). 

02. A UECE sustentou sozinha, ou de forma mais robusta,  a formação e a qualificação de boa parte dos licenciados (professores de diversas áreas do conhecimento) no estado do Ceará. Este estado tem uma dívida histórica e pública com a Universidade Estadual do Ceará no quesito formação de professores (principalmente para educação fundamental e para o ensino médio deste estado). Na minha formação escolar fundamental e no meu ensino médio posso assegurar tranquilamente que meus professores eram 60% formados pela UECE. Professores estes, que com sua qualificação, foram responsáveis pelo menos por metade do que sou hoje na minha vida! Eu devo a UECE isto na minha vida. Uma dívida de gratidão e de responsabilidade por ter sido formado por excelentes professores que tive. Os excelentes professores que se formaram sem apoio algum, sem bolsa de pesquisa, sem estrutura, sem biblioteca que atendesse as necessidades e passando por problemas semelhantes aos que passam hoje a comunidade universitária da UECE. Alias, tenho certeza que alguns aspectos pioraram no presente.

03. A UECE é uma universidade historicamente sucateada pelos diversos governos coronelistas que nós cearenses insistimos em eleger. O Ceará possui uma relação mal resolvida com o coronelismo que perpassa desde o casebre mais humilde de nossas favelas aos imponentes Flats do Meireles em Fortaleza. Não conseguimos até o presente momento da História, pensar e fazer qualquer coisa que fuja à lógica dos coronéis. Antes coronéis a cavalo, hoje coronéis empresários de Hilux. A UECE é vítima fundamental das políticas coronelistas. Afinal, para os coronéis nunca houve importância alguma para a educação, a não ser para os seus familiares (de preferência fora do país). Eu não tenho notícias (posso até estar redondamente enganado) que filhos de governadores tenham se formado pela UECE. Se formaram-se, não houve qualquer notícia do fato.

04. A UECE é uma das instituições pioneiras no estado em pesquisa, apesar de todas as suas dificuldades estruturais. Existe uma pesquisa em específico que eu não me conformo de não seguir avançando por falta de recursos: a pesquisa da vacina contra dengue! A UECE já esteve muito próxima de ser a única Instituição de Ensino Superior a descobrir uma vacina contra a dengue. Saber que isto não avança por falta de apoio e de recursos é algo revoltante! Estamos muito próximos de uma revolução sanitária nos países tropicais para combater uma doença (da pobreza) que mata muitas pessoas, com pioneirismo brasileiro e cearense e a pesquisa não avança por falta de recursos. A matéria a seguir (2008) não me deixa mentir quanto ao fato:

O Ceará é o único Estado brasileiro a desenvolver uma vacina tetravalente à base de proteína contra a dengue

Pesquisadores do Laboratório de Bioquímica Humana da Universidade Estadual do Ceará (Uece) desenvolvem, desde 2003, uma vacina tetravalente contra a dengue. A falta de recursos financeiros está impedindo o avanço das pesquisas, de acordo 
com
 a coordenadora dos Projetos do Vírus da Dengue da Uece, Maria Izabel Florindo Guedes. Ela calcula que seriam necessários R$ 500 mil para equipar o laboratório e realizar as outras etapas da pesquisa para obter a vacina.

Segundo a doutora em Bioquímica, os resultados obtidos até o momento são promissores para a produção de uma vacina tetravalente contendo em sua estrutura uma proteína comum aos quatro tipos do vírus da dengue. “Se recebêssemos apoio, poderíamos produzir a vacina em cinco anos ou até em menos tempo”, argumenta Izabel Guedes.

Em 2006, os pesquisadores da Uece iniciaram os testes em camundongos e coelhos, 
com
 bons resultados. “Em animais a proteína induz a produção de anticorpos que bloqueiam in vitro o vírus da dengue”, explica a doutora em Bioquímica. Apesar dos benefícios que a vacina trará à população, Izabel afirma que a falta de infra-estrutura do laboratório tem sido o grande problema para o desenvolvimento da vacina e de outras pesquisas com a dengue.

Ela entende que a produção da vacina contra essa doença representa um método preventivo à disposição da população no controle da enfermidade, que tem provocado danos irreparáveis, com diversas perdas de vidas humanas e ocasionado sofrimento para indivíduos, famílias e comunidades cearenses, não só brasileiras, mas também de outros países.

Os pesquisadores do Laboratório de Bioquímica Humana não possuem uma sala de cultura de células para que os testes possam ser realizados com segurança. Izabel Guedes admite que eles trabalham em condições bastante precárias.

Outra carência apontada foi a ausência de uma sala de Reação em Cadeia Polimerosa (PCR) para testes do DNA do vírus. “Hoje temos uma salinha, onde enfrentamos problemas de contaminação de outros microorganismos. Precisamos de um ambiente limpo para não haver contaminação”, avalia a pesquisadora. O laboratório também não dispõe de uma casa de vegetação para guardarem os transgênicos.

Outro agravante, segundo ela, é a falta de recursos financeiros que impedem o avanço das pesquisas. “Até o momento, recebemos apenas R$ 55 mil, fomentado pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Banco do Nordeste do Brasil”.

ESPERANÇA
Resultados obtidos são promissores

Apesar dos esforços dos cientistas, ainda não há nenhuma vacina eficaz contra a dengue. A coordenadora do Laboratório de Bioquímica Humana da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Izabel Guedes, diz acreditar que os resultados obtidos até agora pela equipe de pesquisadores são promissores em relação à possibilidade da produção de uma vacina com base em proteínas (peptídeos imunogênicos) do envelope viral do vírus da dengue.

Segundo Izabel, a vacina, além de não causar danos para a saúde humana por não induzir a doença, também parece ser a única proposta que pode impedir a entrada do vírus na célula do hospedeiro.

A pesquisadora diz acreditar que a vacina contra dengue vai gerar uma imunização duradoura. “Provavelmente, as pessoas precisarão tomar a vacina apenas uma única vez”.

Ela ressalta que a dificuldade em se encontrar uma vacina é pelo fato de o vírus da dengue ser formado por dez proteínas, sendo três estruturais (C, M e E) e sete não estruturais.

Das dez, a proteína “E” forma o envelope do vírus, ou seja, forma um envólucro ao redor de suas partículas. O vírus utiliza esta proteína “E” do envelope para se ligar e entrar na célula do hospedeiro (humano). Pesquisas científicas têm mostrado que a proteína “E” é a única que induz a produção de anticorpos protetores para o organismo humano.

Segundo Izabel, a equipe do Laboratório de Bioquímica Humana da Uece, composta por seis pesquisadores, estão clonando e produzindo a proteína “E” do envelope dos quatro sorotipos do vírus da dengue. Izabel Guedes explica que as proteínas serão produzidas em um vírus que infecta plantas e outros vetores.

A pesquisadora da Uece ressalta que os anticorpos contra o envelope viral poderão impedir a entrada do vírus nas células do hospedeiro, que “acreditamos ser a única maneira de impedir a doença”.
Suelem Caminha
Repórter

Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/uece-pesquisa-vacina-contra-dengue-1.717120

05. Em 2011, a pesquisa já muda de tom, com certo otimismo e com propaganda já institucionalizada pelo Governo do Estado do Ceará, como se pode ver na matéria a seguir:

Uece produz vacina contra a dengue à base de feijão de corda
18 de fevereiro de 2011 às 15:15CearáSaúdeUniversidade
“Foi produzida por pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará  (Uece) a primeira vacina de origem vegetal no mundo. Segundo a professora Isabel Florindo Guedes, bioquímica responsável pela  pesquisa, o processo é totalmente pioneiro: “Até o momento, nenhuma  vacina no mundo tinha sido produzida à base de planta”, ressalta.  Aliado a esse pioneirismo, a vacina busca atender uma necessidade cada vez maior da sociedade, que é o combate à dengue. Atualmente, a dengue é a arbovirose mais comum que atinge o homem, sendo responsável, segundo Organização Mundial de Saúde por cerca de 100 milhões de  casos/ano em população de risco de 2,5 a 3 bilhões de seres humanos.  Neste caso, a nova tecnologia, a primeira de origem vegetal, deverá  combater os quatro tipos de manifestação do vírus, incluindo o  hemorrágico.
O feijão de corda (Vigna unguiculata) foi o vegetal utilizado no  procedimento para produção de antígenos para combater o vírus da  dengue.  No processo, os cientistas injetaram genes do vírus na planta, a qual desenvolveu as proteínas anticorpos capazes de gerar as defesas do organismo. A partir daí, os antígenos foram isolados, podendo então ser aplicados em forma de vacina. De acordo com os pesquisadores, uma única planta pode gerar até 50 doses de vacina.  As vantagens da vacina desenvolvida pelos pesquisadores da Uece são inúmeras, dentre elas, o seu método inovador de produção, baixo custo e redução de reações alérgicas, comuns nas vacinas desenvolvidas em métodos tradicionais, que utilizam organismos vivos e vírus atenuados.
Os resultados obtidos através de testes em camundongos foram  positivos; os animais passaram a produzir anticorpos protetores contra  a dengue. O próximo passo é iniciar testes clínicos em seres humanos. Para Isabel Guedes, “é necessário desenvolver drogas eficientes no  combate à dengue. Essa é uma preocupação mundial. Além disso, o custo de prevenção pode ser menor do que os tratamentos convencionais de  pacientes infectados”, destaca.
A Uece protegeu a pesquisa por meio do seu Núcleo de Inovação  Tecnológica (NIT), através de depósito de pedido de patente junto ao  Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Neste momento, o  NIT e a Rede de Núcleos de Inovação Tecnológica do Ceará (Redenit-CE)  estão trabalhando na transferência desta tecnologia para o mercado, a  fim de que a vacina possa ser produzida em escala industrial e  beneficiar, assim, a população.”
(Site do Governo do Estado)
Fonte: http://blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/uece-produz-vacina-contra-a-dengue-a-base-de-feijao-de-corda/

06. Ou seja, têm-se aqui, a contradição típica e característica do Governo do Estado do Ceará, gestões do governador Cid Gomes. Um governo eleito e reeleito com uma missão muito clara: fortalecer as escolas de educação profissional (ilhas de excelência discutíveis no ensino médio) e enfraquecimento, chegando ao desprezo, pela UECE. O governador não perdeu uma oportunidade de deixar claro seu desapreço pelo financiamento da educação superior no estado do Ceará. O deboche sempre foi a tônica de “negociação” da família Ferreira Gomes no tocante ao assunto UECE.

07. Curiosamente, ou não, não tive a oportunidade de ver nenhum candidato publicamente, inclusive o candidato apadrinhado por Cid Gomes, o senhor Camilo Santana, apresentar nenhuma proposta séria e estruturante para a UECE. Isto é um indicativo importante do desprezo da pasta política para com uma instituição fundamental para nosso estado.

08. Não vou sequer entrar na seara da precarização do trabalho na UECE, com um número de professores substitutos talvez maior do que os quadros de empresas terceirizadoras de serviços. Na verdade, este quadro é um escândalo há anos e, na minha opinião, isto e culpa do judiciário cearense (tão severo e desmedido para algumas questões e impotente diante do poder executivo e seus desmandos). Também não vou falar dos salários absurdos pagos aos professores com exigência de mestrado e doutorado que atuam naquela instituição. Só este tópico daria outra discussão.

09. A UECE, hoje com administração da Reitoria do Magnífico Reitor, professor José Jackson Coelho Sampaio (figura que detém meu notável respeito científico) conduz um processo de não enfrentamento dos desmandos protagonizados pelo gestor do executivo estadual. Eu quero acreditar que o professor Jackson dorme preocupado todos os dias com a situação mais precária ainda que vivem os campi da UECE no interior. Campi estes que tive a oportunidade de conhecer e lamentar profundamente o que vi. O que não consigo acreditar e tenho severas dificuldades de entender é o fato de, diante deste quadro, a reitoria emita uma nota tão panos quentes como esta ao saber da retomada da greve:

Nota da Reitoria da UECE sobre a retomada da greve

Informados apenas por professores e pelos meios de comunicação, a respeito da decisão favorável à retomada da greve docente na UECE, aguardamos a formalização pelo Sindicato Docente sobre extensão e motivo da decisão, com o fito de subsidiar outros pronunciamentos.

No ínterim, lamentamos a decisão, pois a agenda de negociação com o Governo Estadual já foi atendida em vários pontos e, o que não foi atendido, encontra-se em negociação (base de cálculo para reforma/ampliação da FACEDI, regulamentação da classe de professor associado, base de cálculo para o quantitativo emergencial do concurso de professor efetivo) ou aprovado para implantação logo após o final do período de proibições decorrentes da lei eleitoral. Maiores detalhes, vide nota publicada no site da UECE em 16/09/14.

Como foi feito anteriormente, o calendário de aulas e os atos estruturantes (colações de grau, vestibular, Semana Universitária etc) não serão suspensos, aguardando-se a regularização das atividades para análise dos impactos e aprovação, no Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão-CEPE, das ações reparadoras que se fizerem necessárias. Disto se deduz que o direito de greve, exercido conforme a lei, continua sendo respeitado, como também continua sendo respeitado o direito de realização de aula daqueles que assim decidirem.

Pela força do compromisso e da inteligência de servidores docentes, servidores técnico-administrativos, estudantes e gestores acadêmicos, a UECE regularizara quase completamente suas atividades, beneficiando-se de incrementos no investimento, no custeio, nos vencimentos dos servidores técnico-administrativo, na política de assistência estudantil, e, sobretudo, na imagem que desfruta junta à sociedade cearense e brasileira. Este é um patrimônio que nenhum de nós pode colocar em dúvida ou em risco.

Administração Superior da UECE:
José Jackson Coelho Sampaio - Reitor
Hidelbrando dos Santos Soares – Vice-Reitor
Josete de Oliveira Castelo Branco Sales – Chefe de Gabinete
Marcília Chagas Barreto - Pró-Reitora de Graduação
Jerffeson Teixeira de Souza – Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Claudiana Nogueira de Alencar – Pró-Reitora de Extensão
Geovanni Jacó de Freitas – Pró-Reitor de Políticas de Assistência Estudantil
Fernando Antônio Alves dos Santos – Pró-Reitor de Planejamento
Carlos Heitor Sales de Lima – Pró-Reitor de Administração


10. A UECE não pode e nem deve ser tratada da forma com tem sido. Considero isto um crime contra a educação deste estado e deste país. Fenômeno este que, guardadas as devidas proporções, vem acontecendo com a Universidade de São Paulo (USP) em que o governo estadual tratou a educação superior de sua responsabilidade como assunto de quinta ordem de prioridade. Enquanto isto segue-se a morte articulada de nossa educação (tanto defendida nas campanhas eleitorais) e o absurdo virou regra com a qual nos conformamos, para meu desespero!


Minha solidariedade pública à comunidade da UECE de um militante formado pela universidade pública, a Universidade Federal do Ceará (UFC), e convicto que sem educação de qualidade jamais deixaremos de ser colônia!

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